sábado, 19 de março de 2011

Olhos barrentos

Por que dizer abranda, alivia a carga da dor? E quando não se pode, por respeito ou por amor? E você vai achar estranho dizer amor e eu ficarei substituindo as palavras para passar o tempo de sentir o peso de não falar o quanto pesa meu coração. Não possso dizer por carinho, amizade, consideração, afeto, afeição. Enquanto isso seus olhos fitam-me rapidamamente para que eu não os perceba que são um rio de águas barrentas. Esses olhos de de água doce, de rio profundo e largo de margem a margem. Interessam-me esses olhos - ao que me parecem - de pouca vida. Não quero as redes, porque penso que, as vezes, você gosta do emaranhado das redes, elas o sustentam, o mantém na tentativa da resposta do por quê seus olhos, coração da alma, são assim. Não posso dizer o que quero, enquanto você só permite a mim atravessar o rio, e tantas vezes me arranca dele pelos braços como se eu não soubesse nadar, como se delicadeza que transfroma a paisagem em bela e nova o incomodasse. Já estou molhada, rasguei-me em suas redes, meus braços já cansaram-se prazeirosamente. Eu quero, por algum motivo, a outra margem do rio. Porque não tenho apenas beleza, tenho uma força que permitirá andar no ventre do rio ou como disse o poeta "na terceira margem". Aliviaria ainda mais, se com coragem, você olhasse nos meus olhos.

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