terça-feira, 26 de abril de 2011

Para ser girassol

Liberte-me e permita-me conhecer o mundo. Das margaridas do umbral desta janela, cada pétala já sei de cor. Quero ver os campos de girassóis. Ouvi dizer que são flores fortes e que não se incomodam em mudar de direção. Permita-me vê-las, para aprender a ser como elas.
Permita-me cheirar a fragrância de cada frasco de perfume existente nesse mundo para que eu descubra a que eu mais gosto, para que eu escolha a que eu quero que me defina.
Permita-me provar diferentes e raros sabores, estranhos para você. Mas não me deixe com a dúvida de saber se são deliciosos para mim.
Permita-me tocar toda estrutura e textura, subir montanhas, descer degraus, correr, andar, saltitar apenas por fazê-lo.
Quero ir para o quintal da madrugada, embrulhada num lençol, para contemplar o planeta girando, conhecer satélites e estrelas, ver o céu na sua completude e permitir que o céu me veja.
Permita-me sentir na pele a dor do vento frio, o aconchego do calor, o prazer da chuva, as cócegas dos grãozinhos de areia, o ar livre.
Permita-me conhecer gente nova, abraçá-las se houver carinho e tomá-las para minha vida. Permita-me ter vida.
Porque veja, que loucura! Descobri que há gente atrás desse muro cinza que cerca a casa da minha alma. E essa gente está pintando o muro com cores tão belas. Eu ouço murmúrios vermelho-amarelo-azul. Eu quero me lambuzar dessa tinta. Liberta-me da culpa de sair de mim para poder ser.

2 comentários:

  1. Gostei muito deste texto. Venho acompanhando o teu blog a pouco tempo, mas este texto expôs uma particularidade familiar. Me identifiquei muito. Parabéns pelos belos textos que li, mas esse comentei pois me chamou bastante minha atenção.

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  2. Obrigada Raphael por dividir o meu cantinho mais honesto e particular, embora tão exposto... Esteja sempre...

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