segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bordados de emoção


Traga todas as coisas bonitas que você tem. Pra contar. Pra viver. Pra somar com as minhas. A gente divide o pincel e a tinta e borda frases de amor na pele. Declarações superficiais para trazer o gozo de ser. Traga lentes do interior para revelar como são os corações. Por que é que meus olhos incham quando pensam? Por que o amanhã se apresenta assim, tão solene? Por que é que sinto tanto frio nesta noite de outono? Serão os corações revelados? Quebrados? Moídos? Congelados? Melhor expor os corações na parede, para espalhar e dividir toda essa dor com o mundo. Cada qual cuida do outro, porque assim deveria ser a vida. Dividida. Passe o esparadrapo, por gentileza? O mercúrio. O mertiolato. A gaze que está no fundo da gaveta. Vamos nos ajuntar para encontrar a chave perdida da gaveta que guarda os materiais de primeiros, segundos e terceiros socorros. Então, estaremos perto uns dos outros. Recolheremos os caquinhos uns dos outros. E faremos pequenos cortes nas mãos com os caquinhos que são nossos e dos outros. Não é para isso que dividimos espaço neste mundinho que dá medo? E enquanto a hora vai passando, percebo que a noite cai e cai ainda mais, como eu caio. Faça-me a gentileza de sorrir. Passe o pincel e bordarei que me amo enquanto espero o seu sorriso, passe-me o pincel. Não derrube lágrimas, por favor, a não ser que cada uma delas transforme-se em flores. Derrube as flores sobre mim.

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