quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Saudades do que não fui - Carta aberta a Giovanna Meira

Gostaria de ser exemplo para você, mas provavelmente o tempo, o vento que nos cerca, qualquer mentira ou verdade, seus pais, os meus, nossos tios, não permitiriam. Você é uma das pessoas mais extraordinárias que conheço. Tenho inveja de quem realmente tem incidência na sua alma, menina. Você me dá saudades do que não fui. Sua vivacidade e espontaneidade são invejáveis. Isto sim é brilho. E você, menina, tem brilho nos olhos, aqueles mesmos que são as janelas da alma. E o que lhe torna particularmente adorável é essa bagunça toda na sua gaveta, na bolsa do Bolshoi, na cama, na sala, na cozinha, por onde você passa. Você deixa um rastro. É não se importar com o rabo de cabelo de lado, com a meia desfiada do balé, ou de ir de chinelo na aula de inglês. É o saborear todos os sapatos e bolsas e vestidos que você ainda não tem. Eu realmente queria ser você. Assim, descompassada e displicente. Com sorriso imenso pra tudo, explosões momentâneas, loucamente disciplinada. Você é a hora que quer. A fala de todos, contadora de histórias. Nunca deixem que toquem na sua delicada ingenuidade, criança, porque isso sim dói. Não espere que lhe compreendam. Corra atrás dos seus sonhos. Voe alto. Desobedeça o mundo, mas faça-me o favor de ser feliz.

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