Ei! E daí que você me faz bem mesmo assim, de tão longe? Há
coisas que nos aproximam. E não é foto de eu pensar que talvez, em uma outra
encarnação, tenhamos sido irmão, primos, amigos, soldados de um mesmo
batalhão, pierrot e colombina (mas este é meu lado drummoniano falando)... Tem algo que nos une e são as afinidades e o respeito. E daí? Que
problema há se eu te admiro? Admiro quem é e o bem que me faz saber de alguém
assim, pra mim tão perto. Porque as palavras se completam, o desejo de se
galgue os louros da vida é mútuo, entre otras cositas más. Pra quem já se
rastejou na lama da vida desde tão cedo e depois de tantas humilhações
conseguiu estar em pé, o fato de admirar o outro é uma glória. Eu quase morri,
e enxergo as coisas diferentes porque hoje eu tenho sede de vida. Eu vibro a
cada centímetro de vitória, cada amigo, cada palavra bela dita por alguém que
parece me admirar também. E daí? Não é por isso que eu deixo de ter a consciência
exata do meu tamanho inexpressivo. Para mim você é especial, como um pacote de balas
sortidas. Tem sabores da minha preferência, e aqueles que eu não gosto muito e
ainda assim são doces com um fundo azedo-amargo. E daí? E eu poderia fazer a lista extensa das suas
qualidades sem idealizações. Sem tomar pra mim. E o mais bonito é que você voa,
mas vez por outra pousa no meu ombro, nem que seja pra relembrar bons momentos.
Agora, deixa eu sair de mansinho sem ranger a porta porque o cheiro do orvalho
me chama e hoje não perco por nada o nascer do sol.
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