sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Agora sei


Não foi com um beijo demorado na testa, ou abraço e não foi a lembrança distante do teu colo gentil e maternal. Não foi com carinho. Não foi com cuidado. Não foi pela delicadeza das palavras de conversas que não tivemos e que guardo no peito até hoje. Não foi com um bonito poema, ou uma linda declaração. Não foi quando ganhei o presente inesquecível e nem quando me chamava de presente, porque Cavalos de Troia também o são. Não foi quando deixei de ouvir algo que talvez ouviria, ou talvez não, ou sei lá o que dentro do seu olhar enigmático para mim tão cortante que me fazia fechar os olhos de medo. Não foi pela ternura ausente no olhar ausente. Não foi com 5 nem com 15 e muito menos com 20. Não foi no pior dia da minha vida. Não foi enquanto me ausentei. Não foi por promessa alguma. Foi depois de um tempo tão longo sem beijo e sem colo. Depois de lembranças da sua aspereza tão dolorida em mim. Depois de olhares acusadores, inquisidores, perturbadores que talvez fossem apenas tristeza. Mas apenas talvez. Foram longos anos de uma dúvida que quase me levou a morte e que me salvou a vida. Foi exatamente e somente quando você me disse: “Eu vou te buscar”. Eu, 30 anos esperando uma demonstração clara da sua intenção real, descobri, tomei consciência de que você me amava verdadeiramente.

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