quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um homem pra chamar de meu

Eu posso sonhar. Com possibilidades de transformação e sem necessidades de termos de garantias, de prazos de validade, a variação do indelével, do impossível, do doce sonho.
Ele seria acima de tudo homem, porque de super-heróis estou cansada. Quero um homem humano, que chore, que sofra, que aceite essa parte da vida de peito aberto e vez por outra feche o peito, para não se valer de tanta dor, porque ninguém se vale, ninguém suporta.
Que sorria apenas de prazer. E faça-me sorrir, gargalhar até que eu abra a boca com os olhos lacrimejados de, não necessariamente alegria, mas de pura graça, tantas vezes melhor que uma plenitude inexistente. Que seja alegre na busca da alegria, que tenha pulsão.
Ele veria meu lado terno, doce, meigo, puro, infantil e quase delirante de tão casto. Veria minha candura preservada. Veria também meu lado torpe, mas nem todo, fecharia um pouco os olhos, seria prudente. Mas teria a consciência da minha agressividade, impulsividade, infantilidade insuportável. Das minhas mãos carinhosas, afáveis, suaves e cheias de unhas sempre afiadas, quase garras. Da minha ambivalência. Não esperaria de mim nem santa, nem devassa, sabendo que posso ser as duas e por isso nenhuma.
Paixão, emoção, adrenalina, ele teria.  Arriscaria um salto mortal, não acharia bobagem dançar a noite inteira, saltaria comigo de paraquedas.
Compreenderia a minha poesia, ou nem compreenderia, mas degustaria com paladar aguçado, com desejo de saber de mim.
Encorajaria-me em meio aos meus pavores tantos, respeitando meus limites e dando-me a mão para andar por cima das águas, ainda que eu naufragasse. Não, eu não quero um Jesus Cristo, pois Ele perguntou a Pedro “homem de pouca fé, por que duvidaste?” Quero alguém que diga, “você veio até a metade, pode encarar o resto”.
Enfim (não, não é o fim), superaria o meu passado, enfrentaria o meu futuro e me ajudaria a deliciar-me no presente, construindo comigo outra história, possibilitando-me escrever a quatro mãos.
Não precisaria ser como eu (e nem deveria), e nem sempre sincero, mas encantador. Um homem que às vezes me matasse de amor e outras me deixasse no meu canto, quieta e lenta e distante.
Ele veria minha alma através do meu peito, dos meus olhos, das minhas palavras. Silenciaria pelo sofrimento que exige silêncio e com o restante de som vindo da dor passada, ou presente, ou mesmo da alegria calada, tudo por um futuro mais leve.

2 comentários:

  1. Má, eu não sei se tudo isso é 100% do tempo possível, mas certamente é possível se ter alguém que a cada momento seja um pouco de cada coisa que buscamos e que nos faça sentir que vale a pena,e que em outros momentos seja tão diferente do que buscamos que nos faça parar para refletir por que estamos juntos e então, na reflexão, lembraremos de diversos outros momentos e não nos restará dúvidas de que estar junto daquela pessoa vale mais a pena do que qualquer outra coisa neste mundo.
    Grazi

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  2. O Du foi mesmo feito pra você, linda... Obrigada

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