sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Arranjo

Destruo as coisas para reconstruí-las de melhor maneira – você disse. Então, venha e desconstrua-me fazendo melhor esse meu desarranjo. Reinicie-me, dê-me nova introdução, serena ou vívida, tanto faz, contanto que faça meu começo. Apenas peço que não reinvente outra tristeza nesse novo princípio... Não preciso de outro precipício, faça-me ponte.
Reinvente meus gestos contidos e minhas melhores palavras, contudo permita-me não calar jamais. Mas reconstrua-me derrubando todo riso que impede os meus desejos. Desfaça-me vagarosamente desritmando meus restos. Vai, dê-me um ritmo que resulte numa nova movimentação. Torne-me harmoniosa e faça não fazer sentido algum.
Vem, você pode recompor-me e sabe como fazê-lo. E remova a pausa irrequieta que me atropela, e com sutileza reconstrua meu silêncio dando-o docilidade.
Dê-me a forma do vento desse agora e deixe-o me levar como fumaça. Percebe que quero ser outra? Faça-me outra porque sei que serei a mesma, aquela que está lá dentro esperando ser inteira. Inteira pra ser levada como fumaça.

2 comentários:

  1. "Mas reconstrua-me derrubando todo riso que impede os meus desejos."

    De repente pensei naquela vergonha gostosa que as moças tem quando vão fazer alguma coisa que querem muito mas não tem coragem.

    Ou ainda naquelo sorriso doce, puro que as crianças dão antes de por em prática mais uma traquinagem...

    Na verdade as duas coisas são uma só, mas as crianças fazem o que as moças tem medo de fazer, ser feliz.

    Beijos...

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  2. "O pior de tudo é estar frente a frente com o objeto de desejo e não ter idéia do que fazer com ele"... Obrigada pela visita...

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