quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Insolucionável

Pois não há solução, talvez por nunca ter sentido saciedade no ódio, ou no amor até, quando houve. Nem em qualquer outro sentimento pifiamente sólido ou ridiculamente potente. Nada tem sido capaz de me arrebatar. Então suporto cada instante de amenidades indefinidas, cultivando um estado de graça que lapida minha parte mais conhecida e desprezada. Mas não quero desatar minhas amarras. Deixo-me estar presa às desilusões. Nem é verdade que a angústia me personifica, assim como não existe a anestesia sentimental que acabo de injetar para entorpecer o ânimo. Quero mesmo ser esta questão insolucionável apenas pela emoção de sê-lo, e para tanto fico tentando trazer o velho alívio das dores que há muito deixaram de ser dores. Fico absorvendo perigosamente as muitas nuances de angústias empoeiradas, apenas porque quero furtar um sentimento que não é meu. E quero ser condenada para, dai sim, ter o prazer de fugir de algo que possa realmente me prender.

4 comentários:

  1. Olá menina. Cada vez melhores seus textos. Um beijo.

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  2. Se você fugir é que na verdade aquilo não te prendeu.

    Deixa a vida te querer mais do que você quer ela, meio que com certa indiferença na cara, mas no coração apaixonadíssima pela liberdade que ela te dá por desdenhar dela.

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  3. Marcelo, meu doce, obrigada (Saudades de você). E Marco, você me toca tão profundamente que fico em estado de choque!!! Leio e releio e releio para ver se consigo viver suas palavras... Vou publicar você aqui, tudo bem?
    Beijos, meus anjos...

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