quarta-feira, 29 de junho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pedaços

Eu não sei em quantos pedaços o seu coração se partiu. Mas, por favor, não me mostre os cacos dizendo a todo instante que fui eu e exigindo (sim, de certa forma, exigindo) que eu os cole. Eu não atirei uma pedra no seu coração de vitral belo e puro.
É que meu coração já estava partido há tanto tempo que percebi que poderia machucar você com os meus cacos. E já estava machucando a cada resposta ríspida, suspirar cansado, sorriso inexistente, pulsar dolorido do peito, quase ausência de respiração: tristeza.
Agora, um misto de sei lá o quê e nem por quê sente culpa. Culpa por esses pedaços todos de inclinações perdidas, risos tão diferentes, necessidades sufocadas... Mágoa que virou ressentimento. É por isso que estou infeliz.

Leve

Que a vida me leve leve e releve todos os apesares e pesares dos pesos que levo.
Que a poeira do vento encontre minhas costas nuas e que o tempo escorregue das mãos e vá e dê um tempo antes de voltar enquanto as estrelas brilham, os abraços abraçam e os beijos beijam.
Principalmente, que os beijos beijem.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Entre o medo e o desejo

Eu tenho medo do escuro, mas também não quero cortinas abertas porque a luz pelas frestas parece ferir meus olhos. Mas saio pela noite, percorro madrugadas desejando holofotes e letras em neon e esperando o sol nascer. E quando sinto o primeiro calor da estrela próxima, dou-lhe as costas para esconder novamente o rosto, o corpo, a alma. Eu sei que a luz não me cega, mas é difícil habituar-me a ela. Tem que ser devagar... Um pouquinho num dia, outro tanto no outro, abrindo um olho de cada vez, espremendo as pálpebras como quem sente dor. Mas tenho saído para assistir todos os pores de sol e ganho de presente nuances amarelas, laranjas, vermelhas. Cores alegres que me alegram. Cores que me sorriem. E ainda tenho medo. Talvez seja porque vivi num tempo nublado e cinza, sem a possibilidade de escolher os sabores da luz, que são tantos. Bebi uma vida de escuro viciante, mas cada nascer do sol me desintoxica um pouco. A felicidade assusta e chama como se fosse chama. E eu quero esse calor. Já não ouço quem diga que o fogo queima. Quando definitivamente abrir os olhos, mergulho no fogo... Onde quer que ele esteja...

quarta-feira, 8 de junho de 2011